CAPITULO DOIS

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024 | | |

 Niall não estava enganado ao dizer que eu estava fodido.

Uma hora de atraso me rendeu um sermão de quinze minutos na sala de Jerry, o mais louco nisso é que se me perguntarem qualquer coisa que ele tenha dito durante esses quinze minutos, eu não conseguiria citar nenhuma.

Minha mente estava me atraindo constantemente as lembranças do encontro breve que tive com Harry no estábulo, o garoto de olhos verdes está me enlouquecendo tanto que eu só consegui ouvir e concordar com tudo que Jerry estava dizendo. Depois de eu ser expulso de sua sala, Jerry não quis me deixar ficar no balcão como de costume, preparando as bebidas, desta vez, ele pediu para eu ajudar Niall nos fundos.

Ao passar pelo grande salão, reparei que o movimento estava tranquilo. Uma banda glam rock tocava animadamente ao vivo, algumas pessoas estavam dançando perto do palco e da pista de dança, o clima estava agradável por ser começo de semana, alguns estavam fumando nos fundos, outros apenas se beijando, já alguns, querendo disfarçar, mas deixando bem óbvio a agitação por estarem usando e vendendo drogas, mas tudo bem, não é novidade. Jerry foi estratégico quando pensou em abrir a discoteca justamente no meio de duas universidades e de vários prédios onde dão apoio moradia aos universitários, aqui é um lugar sério, mas eu amo o fato de ser tão livre e aberto.

-Caramba, eu achei que não ia aparecer hoje. - Niall exclamou ao me ver chegando no estoque, não me surpreendi ao ser recebido com seu olhar fumegante.

Como o movimento estava razoavelmente controlado lá fora e ainda estava cedo, ele estava aproveitando para repor as bebidas que haviam chegado, e eu logo já fui para a mesa do computador fazer as notas para deixar certo quando o fornecedor chegass...

Como o movimento estava razoavelmente controlado lá fora e ainda estava cedo, ele estava aproveitando para repor as bebidas que haviam chegado, e eu logo já fui para a mesa do computador fazer as notas para deixar certo quando o fornecedor chegasse amanhã.

-Vontade não me faltou, viu? Mas infelizmente minhas contas não se pagam sozinhas. - Soltei um suspiro cansado antes de me sentar.

-Eu digo o mesmo, - ambos rimos- Mas agora me diga, Tommo, onde se meteu?

-Aonde você acha? – apoio meus cotovelos na mesa e cruzo meus dedos na altura do queixo, Niall revira os olhos, e eu solto uma risada no mesmo instante.

-Ai, meu Deus, você gosta mesmo de sofrer, né ? – suas duas mãos vão para sua cintura e por um segundo ele me encara seriamente antes de continuar:- Louis, faz dias que você está totalmente obcecado por esse garoto... como ele chama, mesmo?

-Harry...

-Isso, esse Harry – ele diz suavemente e caminha em minha direção. – Louis, o que você pretende, afinal?

Meu amigo para diante de mim, seus olhos azuis são doces e sua mão desliza para segurar a minha. Fico alguns segundos apenas olhando para nossos dedos... Eu amo Niall, o tenho como um irmão, nos conhecemos na faculdade, através de Henry. Niall cursa jornalismo e temos algumas aulas juntas que nos aproximam. Assim que ele soube que eu estava procurando emprego ele não hesitou em nenhum momento para indicar-me para Jerry, já que ele próprio já estava trabalhando para o mesmo ia fazer um tempinho.

-Eu quero descobrir, Ni, algo me diz que eu estou no caminho certo. – Murmuro, depois de uns alguns segundos calado, eu aperto seus dedos carinhosamente antes de soltá-lo e começar a digitar a senha no teclado.

-Maldito o amor que nos deixa irracionalmente malucos. – ele exclama exageradamente alto e o vejo por cima da tela quando ele volta a repor as bebidas nas prateleiras.

Balanço a cabeça com um sorriso bobo nos lábios.
Se ele tivesse só um pouquinho de consciência de como aquelas orbes verdes são poderosas e de como elas me deixam completamente instável, só talvez, ele me entenderia.

HARRY P.O.V

Cuidar dos animais é a tarefa que eu mais amo fazer, eles são maravilhosos, e eu não tenho dificuldade nenhuma em lidar com todos, por alguns instantes eles me fazem esquecer completamente meus problemas e eu me sinto, por míseros minutos, genuinamente feliz.
Já é final de tarde, quando acabou meu expediente, mas eu não me atrevo a me mover... É deslumbrante ser um telespectador e poder ter o privilégio de apreciar uma pintura tão única e natural que é ver o pôr do sol se pondo, geralmente nessas horas eu acendo um cigarro e fico por horas fitando o céu, mas hoje eu apenas respiro profundamente e sigo em frente.

Casa.

Existem, de fato, várias formas de tentar rotular aquilo que cada indivíduo denomina como casa, no entanto, posso garantir, que cada forma tem a sua particularidade e individualidade. Me pergunto, será que esse é o mais perto que eu consigo chegar de sentir-me pertencente a algo? Às vezes me pego pensando se eu poderia ter tido uma oportunidade, se eu ao menos pudesse ter a chance de olhá-la uma única vez... Quem sabe.

Estou vagando em pensamentos quando me aproximo da minha cabana, ela não é nem de longe luxuosa, pelo contrário, eu tenho medo de um dia tudo cair em cima de mim durante a noite. Solto um riso sem humor com a recordação da semana passada, lembro-me que a chuva estava tão forte que eu tinha certeza que a estrutura não suportaria mais cinco minutos, mas olha que surpresa! Ela suportou e, como eu, continua aguentando.

A princípio, quando eu cheguei aqui, era apenas uma barraca, com o tempo eu fui aprimorando até que eu consegui construir uma cabana de madeira. Ela possui três cômodos, sendo uma cozinha toda revestida, com um fogão elétrico de quatro bocas, um frigobar, um armário robusto e uma pia que com certeza tem menos de 1 metro,mas que é o suficiente. No canto esquerdo instalei uma mesa para duas cadeiras e, um pouco mais adiante, na direita, você consegue chegar na escada de madeira que eu utilizo para subir quando vou me deitar. Lá em cima, temos uma superfície ampliada para caber, exatamente, um colchão de casal confortavelmente e na parede de frente eu instalei a televisão que eu ganhei do pessoal da faculdade recentemente, para finalizar, embaixo da escada fica o banheiro.

Shawn faz engenharia civil e sem os conhecimentos dele, com certeza, eu não teria conseguido erguer a cabana. Ele me ajudou em questões de estrutura que eu não fazia ideia e, até hoje, ele não me explicou como conseguiu instalar um banheiro para mim, pois todas as vezes que eu precisava usar o banheiro eu tinha que me dirigir até o campus mais próximo.
Ele só parou de insistir para que fosse morar com ele quando viu em meus olhos que eu não estava disposto a mudar de ideia.

Meu amigo já tem muitas responsabilidades com a mãe que é doente e o pai que também faz tratamentos. Eu o conheço desde do jardim de infância, mesmo ele sendo 3 anos mais velho que eu, a gente cresceu juntos em Holmes Chapel e desenvolvemos um vínculo fortíssimo de amizade desde então. A diferença de idade nunca foi um problema.

Quando Shawn me contou que precisaria se mudar para Londres, por conta do tratamento dos pais, eu não hesitei um minuto em juntar minhas poucas coisas e segui-lo. Nesta altura, com os meus quatorze anos, já não tinha me sobrado nada em Holme chapel, apenas meu elo com Shawn Mendes.

Quando chegamos em Londres fomos direto para o apartamento onde ficaríamos hospedados, ele ficava em frente ao hospital, o que era ótimo. Durante alguns meses recebemos auxílio por conta do tratamento da mãe de Shawn, mas logo as coisas começaram a ficar apertadas e esse dinheiro já não era o suficiente.

Sentia-me sucumbir assistindo a mãe de Shawn sofrendo bem diante de meus olhos, eu ficava praticamente o dia todo na rua tentando esquecer o sofrimento da mulher, porque, de certa forma, me fazia lembrar de meu pai e aquilo estava me matando... foi nessas idas e vindas que eu consegui fazer amizade com o carpinteiro que cuidava do gramado da universidade. De princípio, eu apenas me oferecia para ajudá-lo carregando os equipamentos pesados, depois fiquei encarregado pelos lixos, mais tarde ele estava me ensinando como se mexia na máquina e depois eu já estava trabalhando como seu ajudante...Além de cortar a grama, eu também me oferecia para outras atividades como: alimentar os animais, organizar as salas, limpar o pátio, varrer a calçada , eu estava realmente disponível para o que fosse e com isso ganhei a confiança dos diretores.

Quando questionaram se eu estudava, eu sempre dizia que sim, que meu horário era de manhã, mas na verdade, eu já tinha desistido de mim fazia tempo. Por eu ter garantido que estudava, por eu ter garantido que eu tinha família, o que não menti, Shawn é a minha família, eles me deixaram trabalhar todos os dias.

No começo eu dormia escondido na barraca, por ser perto do estábulo, um lugar discreto, ninguém me notava, quando amanhecia eu desmontava e seguia a rotina. Shawn não sabia que eu estava dormindo nessas condições, eu disse que estava dormindo no dormitório que a faculdade tinha. Foi depois que eu juntei uma quantidade boa de dinheiro que eu pedi autorização para fazer minha cabana, um lugar só meu, ali perto da fazenda, longe de todos os campus dos estudantes.

No começo eu escutei vários nãos, mas eu não desisti e continuei me empenhando, me dedicando, mostrando que eu merecia sim um espaço ali, e quando menos esperei fui presenteado com a notícia que eu poderia fazer meu cantinho com o pedaço de terra da fazenda. Mesmo que a minha cabana seja simples... eu amo o significado que ela representa para mim, é meu recomeço.

Eu poderia citar vários motivos por ter decidido sair da casa de Shawn, eu poderia dizer inúmeras razões pessoais por não ter tido saúde mental para conseguir lidar com a situação, e o que me conforta é saber que meu eu amigo sempre soube de cada uma delas.

Minha vida já teve perdas demais, e eu não estava pronto para mais uma, eu tinha medo.

Eu prefiro não pensar muito sobre a minha vida, principalmente porque machuca. Eu perdi tudo antes mesmo de saber que estava perdendo, eu preferia ter morrido e deixado minha mãe ter tido uma segunda chance, mas por alguma razão ela se foi e eu fiquei.

Nunca tive uma conversa abertamente com o meu pai sobre esse assunto, todos os meus aniversários são mais tristes do que felizes, o que eu tenho a comemorar? O fato de que minha mãe morreu no mesmo dia que eu nasci? Meu aniversário sempre foi uma tortura, meu pai nunca fez questão de esconder seu desconforto, não apenas no meu aniversário, mas em várias outras ocasiões.

Eu também nunca vou me perdoar por ter perdido minha mãe, eu não precisava de mais alguém para me lembrar que foi por minha causa que ela se foi.
Tudo que eu sei é que ela sofreu várias complicações durante o parto, e quando começou uma hemorragia interna os médicos não conseguiram conter o sangramento a tempo de ela conseguir me ter, praticamente suas últimas forças ela usou para trazer-me ao mundo, e eu nunca a conheci. Eu sei que, no fundo, meu pai nunca me perdoou por isso, até o dia de sua morte. Ele faleceu diante do túmulo de minha mãe quando eu tinha acabado de completar 14 anos, ele sofreu uma overdose, eu sabia sobre as drogas, mas eu não queria acreditar. Quando encontraram seu corpo sem vida no cemitério, eu implorei para me deixarem ficar com os pais de Shawn, eu não podia me afastar da única família que me restou.

O conselho sabendo da minha relação com a família Mendes não foi complicado para eles concederem minha guarda para os pais de Shawn. Na verdade, depois do ocorrido, ficamos tão pouco na cidade que parecia que tudo já estava predestinado, nosso lugar não era em Holmes Chapel, e sim em Londres.

Quando chegamos aqui as coisas começaram a dar certo aos poucos e agora, depois de quatro anos, estou feliz pelos pais de Shawn estarem bem e saudáveis. Eles são tudo que me sobrou, é tudo que eu entendo sobre amar e ser amado, é o mais próximo que eu consigo chegar de sentir alguma emoção genuína.

Estou angustiado com os meus pensamentos quando me deito na cama, eu acabei de tomar banho, mas parece que ainda não estou relaxado. Suspiro ligando minha teve, apenas para não me sentir tão sozinho, mas logo me arrependo de ter ligado porque a primeira coisa que me aparece é um cara falando sobre o lançamento de um livro e de como ele está nervoso por ser seu primeiro livro lançado como escritor, isso me faz lembrar do rapaz que está, supostamente, me seguindo.

Eu tenho certeza que ele não é muito bem da cabeça, porque as duas vezes que ele apareceu foi quase me matando do coração e sem contar que ele parece mesmo muito agitado e não sei, ansioso? Nervoso?

Louis.

Não sei o que ele quer, não sei mesmo, mas eu preciso ser honesto e confessar que ele tem belos pares de olhos azuis, seu nariz é perfeito para o desenho de seu rosto e seus lábios são finos e rosados, não que eu tenha reparado muito.

Seu olhar foi meigo quando me olhou e quando me tocou sua mão estava suando, não que isso significa algo, mas ele também estava quente e trêmulo. Em todos esses anos, eu nunca deixei ninguém se aproximar de mim, e pretendo continuar assim. Eu não preciso de mais uma pessoa para foder minha vida, eu já faço isso sozinho.

Estou prestes a acender meu segundo cigarro quando meu celular começa a vibrar, deslizo o dedo para atender a chamada.

-Espero que você tenha maconha. – Soltei um riso genuíno pelo tom desesperado que Shawn sibilou do outro lado da linha.

-Eu fumei o restinho ontem, foi mal. – sorri tragando meu cigarro.

-Então vou ser obrigado a te arrastar até um lugar que eu sei que nunca me deixou na mão.

-Aquela discoteca, sério? – Suspiro cansado, ele sempre insiste para me acompanhar, mas eu nunca quero ir de fato.

-É dia de semana, Styles, ninguém vai encher teu saco.

Paro por alguns segundos apenas para analisar e chego à conclusão que uma maconha não cairia nada mal mesmo, acabo concordando de encontrá-lo na calçada em dez minutos.

Desligo a ligação e vou atrás de uma calça preta que acho pendurada na escada, logo visto uma camisa rosa de bolinhas e coloco meus anéis novamente nos dedos, opto por deixar meus cachos livres, coloco minha carteira e meu maço de cigarro no bolso, estou pronto.

-Você é um filho da puta lindo do caralho mesmo- Shawn me puxa para um abraço apertado quando me encontra na calçada, solto uma gargalhada de sua reação.

-Olha só quem fala Mendes, parece desesperado para encontrar um macho essa noite. – Comento em forma de deboche e ambos sorrimos

-Estou sempre pronto para um enlace, ao contrário de você que vive fugindo.

-Apenas estou preservando minha saúde mental – Shawn revira os olhos já cansado dessa desculpa.

Eu não aguento esse menino, envolvo meus braços ao redor de seu ombro e o puxo para perto de meu corpo, Shawn envolve os braços em minha cintura como se fosse um imã. Caminhamos abraçados o caminho inteiro, rindo e trocando provocações que só dois melhores amigos sabem fazer.

~~~~~~~~~~~~N/aOiii;)) onde será que esses dois estão indo?? Eu tenho um palpite, mas não vou falar nada

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N/a
Oiii;)) onde será que esses dois estão indo?? Eu tenho um palpite, mas não vou falar nada. Kk
O próximo vai ter bastante coisinha de larry, eu quero ver os dois juntos logo ❤️❤️ e vocês ?? Esse capítulo foi para conhecer mais a história de Harry, ainda tem muito para conhecer sobre ele, ia ficar muito longo e cansativo colocar tudo em um capítulo só. Aos poucos vamos conhecendo a história de vida de ambos, mas por ora o que precisamos saber sobre H é isso . Obrigada por ter chego até aqui, obrigada pela opinião que é sempre importante, bjoss ❤️❤️
Ps: A foto do início é a cabana que eu peguei como referência para descrever o lugar onde o H mora. De todas as imagens, está foi a que mais chegou perto da real.


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